-Ora filho, a gente trabalha, trabalha e ....
- ...... e trabalhando muito, a gente consegue comprar tudo que a gente quer, todos os brinquedos, tudo, tudo, tudinho mesmo ?
- Sim, meu filho. Só trabalhando muito é que a gente consegue essas coisas.- Na verdade nem ele mesmo tinha plena convicção do que estava respondendo ao filho. Mas, como poderia dizer para um garoto de seis anos, que muitas vezes não era assim que a banda tocava. Que havia muita gente que trabalhava uma vida inteira e não conseguia adquirir a casa própria, não podia pertencer a um plano de saúde privado, nem tampouco conseguia assistência de saúde mínima do governo, que o sistema era muito mal administrado; que os filhos desse mesmo tipo de pessoa trabalhadora, nem sempre tinham acesso a um bom ensino básico ou fundamental. Puxa vida, refletiu: “já estava com trinta e cinco anos e desde que era garoto a mesma história vinha se repetindo. No que se refere às necessidades básicas do indivíduo, esse país não mudara quase nada, em alguns aspectos até piorara. Talvez por isso é que muita gente que tinha a cabeça fraca, acabava partindo para o crime e se corrompendo, deixando-se levar por má influência, etc, etc, etc”. Não, não podia ainda falar para o menino dessas coisas, mesmo ele sendo uma criança muito inteligente. já sabia ler quase tudo. Não era a hora certa, seria prematuro demais.
- Mas pai, e como é que a gente faz pra ser o homem mais rico do mundo?
- Ih, filho! Aí a história já muda um pouquinho, não basta só trabalhar... – novamente estava ele numa sinuca de bico. Pensou: “para um homem ficar rico, é necessário abrir uma conta no exterior, claro que nunca no próprio nome, ir remetendo dólares aos poucos e....,” mas, da mesma forma que na resposta anterior, chegou a conclusão de que não poderia falar dessa quase verdade nacional para o filho.
Percebendo que aquela conversa ia longe e que as perguntas estavam ficando cada vez mais difíceis de serem respondidas, disfarçou, olhou para o relógio e disse: - Que tal a gente sair pra dar uma volta de carro?
- Opa! – exclamou o menino.- No que a mãe dele também concordou, pois a filha caçula só dormia tranquila com o balanço do carro. Saíram e rodaram sem destino através de ruas e avenidas. A meio caminho, com o silêncio reinante no interior do veículo, o pai pensava: “de onde esse garoto tirou essa fixação por dinheiro. Eu não sou assim. A mãe, um pouco mais aficionada, mas também não chegava ao exagero. A menina caçula vinha se mostrando de uma maneira completamente despojada em relação a bens materiais; não podia ver uma criança pobre que queria dar tudo o que tinha e morria de pena dela. Ah! isso a genética deve explicar, pensou consigo mesmo, para não despertar a menina que já cochilava, e.....” quando nesse momento o garoto, que já fazia um bom tempo estava calado, falou:- Pai, esse tal de Ed. deve ser o homem mais rico do mundo, não é? –surpreso com a pergunta e sem nada ter entendido, retrucou: - Que Ed. é esse, filho?
- ...... e trabalhando muito, a gente consegue comprar tudo que a gente quer, todos os brinquedos, tudo, tudo, tudinho mesmo ?
- Mas pai, e como é que a gente faz pra ser o homem mais rico do mundo?
- Ih, filho! Aí a história já muda um pouquinho, não basta só trabalhar... – novamente estava ele numa sinuca de bico. Pensou: “para um homem ficar rico, é necessário abrir uma conta no exterior, claro que nunca no próprio nome, ir remetendo dólares aos poucos e....,” mas, da mesma forma que na resposta anterior, chegou a conclusão de que não poderia falar dessa quase verdade nacional para o filho.
Percebendo que aquela conversa ia longe e que as perguntas estavam ficando cada vez mais difíceis de serem respondidas, disfarçou, olhou para o relógio e disse: - Que tal a gente sair pra dar uma volta de carro?
- Opa! – exclamou o menino.- No que a mãe dele também concordou, pois a filha caçula só dormia tranquila com o balanço do carro. Saíram e rodaram sem destino através de ruas e avenidas. A meio caminho, com o silêncio reinante no interior do veículo, o pai pensava: “de onde esse garoto tirou essa fixação por dinheiro. Eu não sou assim. A mãe, um pouco mais aficionada, mas também não chegava ao exagero. A menina caçula vinha se mostrando de uma maneira completamente despojada em relação a bens materiais; não podia ver uma criança pobre que queria dar tudo o que tinha e morria de pena dela. Ah! isso a genética deve explicar, pensou consigo mesmo, para não despertar a menina que já cochilava, e.....” quando nesse momento o garoto, que já fazia um bom tempo estava calado, falou:- Pai, esse tal de Ed. deve ser o homem mais rico do mundo, não é? –surpreso com a pergunta e sem nada ter entendido, retrucou: - Que Ed. é esse, filho?
- É que estou olhando esses prédios aí na rua, e em todos eles tem o nome desse Ed... . Pode ver se em todos os prédios não tá escrito Ed.. Marques, Ed. Dantas... , o nome do Ed está em todos os prédios. Puxa vida! Eu acho que ele é o dono de todos eles, e que ele deve ser o homem mais rico do mundo; você não acha, pai?- Até que fazia sentido esta associação de ideias para um garoto daquela idade. Afinal de contas, Ed poderia ser abreviação de Edmundo, Edílson e tantos outros nomes. Mas, mesmo assim e apesar de toda a lógica do menino, o pai virou na primeira esquina e voltou para casa.
Observação: O autor deste e outros textos postados neste blog ainda está tentando se adequar à reforma ortográfica que entrou em vigência em janeiro deste ano de 2009.