sábado, 21 de fevereiro de 2009

O Homem mais rico mundo

- Pai, como é que a gente faz pra ganhar muito dinheiro?
-Ora filho, a gente trabalha, trabalha e ....

- ...... e trabalhando muito, a gente consegue comprar tudo que a gente quer, todos os brinquedos, tudo, tudo, tudinho mesmo ?

- Sim, meu filho. Só trabalhando muito é que a gente consegue essas coisas.- Na verdade nem ele mesmo tinha plena convicção do que estava respondendo ao filho. Mas, como poderia dizer para um garoto de seis anos, que muitas vezes não era assim que a banda tocava. Que havia muita gente que trabalhava uma vida inteira e não conseguia adquirir a casa própria, não podia pertencer a um plano de saúde privado, nem tampouco conseguia assistência de saúde mínima do governo, que o sistema era muito mal administrado; que os filhos desse mesmo tipo de pessoa trabalhadora, nem sempre tinham acesso a um bom ensino básico ou fundamental. Puxa vida, refletiu: “já estava com trinta e cinco anos e desde que era garoto a mesma história vinha se repetindo. No que se refere às necessidades básicas do indivíduo, esse país não mudara quase nada, em alguns aspectos até piorara. Talvez por isso é que muita gente que tinha a cabeça fraca, acabava partindo para o crime e se corrompendo, deixando-se levar por má influência, etc, etc, etc”. Não, não podia ainda falar para o menino dessas coisas, mesmo ele sendo uma criança muito inteligente. já sabia ler quase tudo. Não era a hora certa, seria prematuro demais.

- Mas pai, e como é que a gente faz pra ser o homem mais rico do mundo?
- Ih, filho! Aí a história já muda um pouquinho, não basta só trabalhar... – novamente estava ele numa sinuca de bico. Pensou: “para um homem ficar rico, é necessário abrir uma conta no exterior, claro que nunca no próprio nome, ir remetendo dólares aos poucos e....,” mas, da mesma forma que na resposta anterior, chegou a conclusão de que não poderia falar dessa quase verdade nacional para o filho.
Percebendo que aquela conversa ia longe e que as perguntas estavam ficando cada vez mais difíceis de serem respondidas, disfarçou, olhou para o relógio e disse: - Que tal a gente sair pra dar uma volta de carro?

- Opa! – exclamou o menino.- No que a mãe dele também concordou, pois a filha caçula só dormia tranquila com o balanço do carro. Saíram e rodaram sem destino através de ruas e avenidas. A meio caminho, com o silêncio reinante no interior do veículo, o pai pensava: “de onde esse garoto tirou essa fixação por dinheiro. Eu não sou assim. A mãe, um pouco mais aficionada, mas também não chegava ao exagero. A menina caçula vinha se mostrando de uma maneira completamente despojada em relação a bens materiais; não podia ver uma criança pobre que queria dar tudo o que tinha e morria de pena dela. Ah! isso a genética deve explicar, pensou consigo mesmo, para não despertar a menina que já cochilava, e.....” quando nesse momento o garoto, que já fazia um bom tempo estava calado, falou:- Pai, esse tal de Ed. deve ser o homem mais rico do mundo, não é? –surpreso com a pergunta e sem nada ter entendido, retrucou: - Que Ed. é esse, filho?
- É que estou olhando esses prédios aí na rua, e em todos eles tem o nome desse Ed... . Pode ver se em todos os prédios não tá escrito Ed.. Marques, Ed. Dantas... , o nome do Ed está em todos os prédios. Puxa vida! Eu acho que ele é o dono de todos eles, e que ele deve ser o homem mais rico do mundo; você não acha, pai?- Até que fazia sentido esta associação de ideias para um garoto daquela idade. Afinal de contas, Ed poderia ser abreviação de Edmundo, Edílson e tantos outros nomes. Mas, mesmo assim e apesar de toda a lógica do menino, o pai virou na primeira esquina e voltou para casa.
Observação: O autor deste e outros textos postados neste blog ainda está tentando se adequar à reforma ortográfica que entrou em vigência em janeiro deste ano de 2009.








2 comentários:

Unknown disse...

Pai,
Parabéns pela iniciativa do blog. Sou sua fã número 1. Continue escrevendo que continuarei lendo. Você sabe que sempre gostei dos seus escritos.
Beijos da sua filhota.

VAP disse...

Será que Ed não significa edifício?